Resenha: Orgulho e Preconceito, Jane Austen

Sinopse:

Na Inglaterra do final do século XVIII, as possibilidades de ascensão social eram limitadas para uma mulher sem dote. Elizabeth Bennet, de vinte anos, uma das cinco filhas de um espirituoso mas imprudente senhor, no entanto, é um novo tipo de heroína, que não precisará de estereótipos femininos para conquistar o nobre Fitzwilliam Darcy e defender suas posições com perfeita lucidez de uma filósofa liberal da província. Lizzy é uma espécie de Cinderela esclarecida, iluminista, protofeminista.
Neste livro, Jane Austen faz também uma crítica à futilidade das mulheres na voz dessa admirável heroína – recompensada, ao final, com uma felicidade que não lhe parecia possível na classe em que nasceu.

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Avaliação: 🌟🌟🌟🌟🌟

Por incrível que pareça, este foi o meu primeiro contato com a obra de Jane Austen (diretamente, quero dizer). Nunca tinha visto sequer os filmes, então podia me considerar “virgenzona” neste universo “Austeniano”. Confesso que estava bastante enferrujada nos livros clássicos, nem me lembro em que ano tinha feito este tipo de leitura pela última vez, então sofri bastante no comecinho. Pensei seriamente em abandonar a leitura nas primeiras páginas, mas como detesto fazer isso, insisti e, assim que ultrapassei a primeira interação entre a Lizzie e o senhor Darcy, a coisa fluiu de vez.

Ah sim, é importante falar que eu li essa edição linda da Martin Claret, porque algumas pessoas me disseram que a tradução deles não é tão boa, o que me deixou com o pé atrás. No entanto, preciso falar que achei perfeita. Eu cheguei a pegar outra edição mais clássica, mas aquele tanto de Mr. e Mrs. me irritou num nível que, quando vi os senhor e senhora do meu, quis beijá-lo. Em se tratando de livros clássicos, que, por natureza (na maioria das vezes), são mais lentos e possuem um vocabulário mais rebuscado, prefiro traduções mais simples. Não sei se vai agradar todo mundo, mas para mim funcionou bem, e com certeza recomendo esta edição, que para além de tudo, é, sem dúvida alguma, uma das mais belas e caprichadas (capa, diagramação, enfim, a composição visual como um todo) já publicadas.

“Orgulho e Preconceito” não se tornou o “livro da minha vida”, como acontece com tanta gente, mas é inegável o quanto a história de Elizabeth e Darcy me cativou. Eu me apaixonei pela mulher inteligente, forte e dona de um humor afiado que é a segunda Bennet mais velha. E achei fenomenal a forma como Jane Austen conduziu o enredo, ainda que em terceira pessoa, sob o ponto de vista principal de Lizzie, fazendo-nos “reféns” de suas próprias observações e opiniões. Adorei ser tão enganada quanto a heroína, com o jeito arrogante, distante e, aparentemente, indiferente do senhor Darcy, somado às péssimas opiniões que despertava nos habitantes do pequeno condado em que vivem e ao depoimento nada lisonjeiro de Wickham, para depois me surpreender com o quanto esse homem era maravilhoso. Será que virou crush? Sim ou com certeza?

Também fiquei com muita dó da Lizzie, tendo que suportar mãe e irmãs tão fúteis e cabeças de vento. Já o senhor Bennet, apesar de seus vários defeitos, me conquistou desde o começo, talvez pela predileção que sempre demonstrou por sua segunda filha e o respeito por sua inteligência. E é claro, é impossível não ser cativado por Jane e pelo flerte doce e inocente que se desenvolve entre o senhor Bingley (falando em homem apaixonante, ai ai. Só amor por ele) e ela. Fiquei extremamente satisfeita quando, ao final, as duas irmãs foram recompensadas com a felicidade mais do que merecida. Ah sim, o senhor e a senhora Gardiner, tios das Bennet, são personagens igualmente incríveis, ainda bem que Lizzie os tinha.

A escrita de Jane Austen, embora não tão fluida quanto me lembro de ser a de Emily Brontë em “O Morro dos Ventos Uivantes”, continua a ser mais fácil e agradável de ser lida do que a da maioria dos clássicos, algo que influencia muito na minha decisão – e acredito que na de muita gente também – de dar ou não chance a uma obra desse tipo. Além disso, “Orgulho e Preconceito” é inestimável para quem quer conhecer os costumes e a moral da época em que se passa (e que leitor ávido de romances de época não deseja?), e é uma forma deliciosa de aprender sobre eles. Fazer essa leitura foi uma experiência maravilhosa, e eu recomendo a todo mundo com o mínimo de interesse em conhecer Jane Austen ou apenas em ampliar seu repertório literário clássico. Com certeza, engatarei a leitura dos demais romances da autora em breve.

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8 comentários sobre “Resenha: Orgulho e Preconceito, Jane Austen

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