
Sinopse:
Alina Starkov nunca esperou muito da vida. Órfã de guerra, ela tem uma única certeza: o apoio de seu melhor amigo, Maly, e sua inconveniente paixão por ele. Cartógrafa de seu regimento militar, em uma das expedições que precisa fazer à Dobra das Sombras – uma faixa anômala de escuridão repleta dos temíveis predadores volcras –, Alina vê Maly ser atacado pelos monstros e ficar brutalmente ferido. Seu instinto a leva a protegê-lo, quando inesperadamente ela vê revelado um poder latente que nunca suspeitou ter.
A partir disso, é arrancada de seu mundo conhecido e levada da corte real para ser treinada como um dos Grishas, a elite mágica liderada pelo misterioso Darkling. Com o extraordinário poder de Alina em seu arsenal, ele acredita que poderá finalmente destruir a Dobra das Sombras.
Agora, ela terá de dominar e aprimorar seu dom especial e de algum modo adaptar-se à sua nova vida sem Maly. Mas nesse extravagante mundo nada é o que parece. As sombrias ameaças ao reino crescem cada vez mais, assim como a atração de Alina pelo Darkling, e ela acabará descobrindo um segredo que poderá dividir seu coração – e seu mundo – em dois. E isso pode determinar sua ruína ou seu triunfo.
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Avaliação: 🌟🌟🌟🌟
“Sombra e Ossos” é o primeiro volume de uma trilogia de alta fantasia, o que significa que se passa em um universo totalmente ficcional, com suas próprias regras e leis físicas. E a construção deste universo, inspirado na Rússia da época dos czares (é fácil perceber isso pelas palavras usadas e pelos nomes dos personagens), é espetacular. Nós somos apresentados a todo um mundo novo, com termos e uma estrutura de governo e de sociedade que nunca vimos, mas a autora consegue nos familiarizar de forma rápida e natural a eles.
A sociedade é dividida entre humanos comuns e Grishas, que me lembram um pouco os mutantes, embora não sejam exatamente isso. Eles são capazes de dominar a Pequena Ciência, isto é, manipulam a matéria em seus níveis mais fundamentais. Dividem-se em três categorias: os Corporalki, ou ordem dos vivos e dos mortos, que possuem poder sobre o corpo humano, seja para curar (curandeiros), seja para destruir (sangradores); os Etherealki, ou ordem dos conjuradores, que podem manipular os elementos naturais, seja o ar (Aeros), o fogo (Infernais) ou a água (Hidros); e, por fim, os Materialki, ou ordem dos fabricadores, capazes de trabalhar com materiais compostos sólidos, como metal e vidro (Durastes), ou químicos, como pós e venenos (Alquimistas). Pode parecer um pouco complexo, mas conseguimos entender o princípio básico muito facilmente enquanto lemos.
Nós ouvimos falar de vários lugares, mas nossa história se passa principalmente em Ravka, um país que se encontra em guerra há muito tempo e é dividido em dois pela Dobra das Sombras, uma faixa de escuridão dominada por monstros terríveis conhecidos como volcras (em algum momento, descobrimos exatamente como eles surgiram), o que o enfraquece bastante e gera muitas baixas sempre que precisam realizar travessias de um lado para outro. Em Rakva, os Grishas possuem privilégios e são tratados de forma especial, o que infelizmente não ocorre em todos os locais. Ainda assim, eles precisam enfrentar problemas com os quais vamos nos familiarizando ao longo da leitura. Os Grishas são comandados pelo Darkling, o mais poderoso deles, que diferentemente dos demais, é capaz de conjurar escuridão. Seu antepassado foi, inclusive, o responsável pela criação da Dobra das Sombras. Ele é, de longe, o personagem mais interessante de “Sombra e Ossos”. Misterioso, carismático e um líder eficaz mas duro, abaixo apenas do rei na hierarquia.
Os livros são narrados em primeira pessoa (exceto os prólogos e epílogos) por Alina Starkov, uma jovem órfã que, no começo da história, aparenta ser apenas uma garota comum, talvez até sem graça, e serve como cartógrafa no Primeiro Exército (em Ravka, existem duas unidades militares: o Primeiro Exército, formado por humanos, e o Segundo Exército, formado por Grishas e liderado pelo Darkling). Ela está se preparando, com os demais, para atravessar a Dobra das Sombras – em seu caso, pela primeira vez –, o que, é claro, a deixa bastante apreensiva, afinal conhece os riscos que isso implica. E de fato, pouco depois de iniciarem a travessia, o esquife em que se encontra é atacado por uma infinidade de volcras. Aquele seria claramente o seu fim – e o de todos que a acompanhavam – se, ao ver Maly, seu melhor amigo (por quem é, secretamente, apaixonada), sendo atacado, não fosse revelado que ela possui um dom incrível: o de conjurar luzes.
A partir daí, Alina é tirada de sua existência comum – e da companhia de Maly – e levada para Os Alta, a capital do reino, porque sua vida correrá perigo quando os inimigos de Ravka descobrirem do que é capaz. Além disso, o Darkling acredita que Alina seja a única com poder para destruir a Dobra das Sombras, mas, para isso, ela precisará treinar e aprender a controlar suas habilidades. Em Os Alta, Alina é apresentada aos demais Grishas e começa a levar uma vida que nunca pensou ser possível para ela. Enquanto treina, a Conjuradora do Sol acaba se aproximando do poderoso líder, tão único quanto ela própria. E, diferentemente de Maly, Darkling demonstra corresponder aos seus sentimentos, então por que não se entregar a esta nova paixão? Contudo, nem tudo serão flores e inúmeras surpresas marcarão esta nova fase.
“Sombra e Ossos” é um livro relativamente curto e envolvente, que nos prende de tal forma que avançamos muito rapidamente na leitura. A escrita de Leigh Bardugo é muito fluida e agradável, me agradou bastante. E aqui temos uma reviravolta impressionante que me fez gritar, literalmente falando. Eu não sei dizer se gostei ou não do que aconteceu, mas a autora com certeza merece os parabéns por conseguir nos surpreender desta maneira. Todavia, eu preciso confessar que fiquei insatisfeita com algumas coisas. Não consegui me apegar tanto à Alina e, quando ela mais cresceu na história, aconteceu algo que a fez “retroceder” de certa forma. O fator romance também é bem mais ou menos, então não esperem muito disso. E senti falta de mais desenvolvimento nos personagens secundários, pois, tirando a Genya, nenhum deles conseguiu me cativar; além disso, acredito que algumas cenas extras mostrando o treinamento da Alina enriqueceriam a obra. Ainda assim, recomendo a leitura!
5 comentários sobre “Resenha: Sombra e Ossos (Sombra e Ossos #1), Leigh Bardugo”