Resenha: Fogo Vermelho (Saga Radegund #2), Drica Bitarello

Sinopse:

Normandia, 1190

Um anjo do Senhor estendeu a mão a al-Ahmar, o Demônio Vermelho. Curou suas feridas e agora, ameaçava roubar de vez seu coração.

Radegund amaldiçoou o dia em que voltou à sua terra natal. Principalmente no momento em que teve uma flecha cravada em suas costas. Mas, ao acordar numa abadia e dar de cara com um anjo de olhos da cor do céu, ela pensou que realmente estivesse ficando louca. Afinal, mesmo que já tivesse uma extensa lista de pecados pesando sobre suas costas, se juntasse a eles a sedução de um monge, nem o inferno a aceitaria!

A vida reclusa de Luc foi abalada até os alicerces com a chegada daquela estranha dupla à silenciosa abadia. Sem perceber, ele acaba envolvido com a inusitada Radegund, uma mulher com um passado sombrio e em cujo coração só há espaço para a vingança.

Após serem emboscados, Mark corre contra o tempo para salvar a vida de Radegund. Numa abadia cisterciense, ela é socorrida pelo irmão Luc, um homem que tem tanta vocação para monge quanto Mark tem para o celibato. No entanto, o misterioso monge pode ser a ponte para que Radegund retome tudo aquilo que foi roubado dela muitos anos atrás.

No segundo livro da “Saga Radegund”, sequência de “Reino dos Céus”, a guerreira de cabelos de fogo retorna à Normandia na companhia de seu mais leal companheiro, Mark al-Bakkar, para cobrar uma dívida de sangue. E enquanto encara o próprio passado, ela é desafiada de uma forma que nem a espada mais afiada será capaz de defendê-la.

Avaliação: 🌟🌟🌟🌟

Na continuação de “Reino dos Céus“, Radegund retorna à sua terra natal e precisa exorcizar os demônios que abandonou ao partir. Aqui conhecemos detalhes de seu passado, que foi mencionado muito superficialmente no livro anterior, e descobrimos a extensão de suas perdas e de sua dor. É impossível não admirá-la por seguir em frente depois de passar pelo que passou, quando pareceria tão mais fácil pôr um fim a tudo.

E ela sequer tem tempo de respirar, pois assim que pisa na Normandia, é emboscada junto com Mark e ferida gravemente por uma flecha que atravessa seu ombro. Seu amigo consegue resgatá-la de seus atacantes, mas sua vida continua a correr perigo, por isso ele precisa correr em busca de algum local onde ela possa ser atendida e recuperar-se em segurança. Galopando ferozmente pela estrada, acaba chegando à Abadia de St. Radegund (coincidência, não?), onde são acolhidos e a ruiva é colocada sob os cuidados de Luc, o único ali com permissão de tocá-la.

Luc é um homem misterioso que mantém sua verdadeira identidade e seus segredos ocultos sob as vestimentas de um monge. No entanto, apesar de ter chegado à abadia há alguns anos, ainda não proferira os votos. Simplesmente porque, por mais que se esforce, claramente não possui vocação para seguir a vida religiosa. E isso fica ainda mais evidente com a chegada de Radegund para roubar sua paz. A ruiva é geniosa e teimosa o bastante para acabar até com a paciência de um santo, mas por maior que seja a irritação que provoque em Luc, nada se compara ao desejo que desperta nele, avassalador a ponto de fazer seu corpo arder de paixão. E Radegund passa longe de ser indiferente ao gigante com aparência de anjo, que a fará descobrir sentimentos e emoções que há muito acreditava-se incapaz de sentir. Quando o maior inimigo de Radegund, o mesmo homem que destruiu sua vida tantos anos atrás, voltar a ameaçá-la, Luc se revelará o único capaz de mantê-la em segurança, todavia, para isso, ele precisará retomar a vida que deixou para trás. Nos braços dele, também, nossa guerreira encontrará a genuína felicidade; mas, para mantê-la, precisará superar os inúmeros desafios que surgirão em seu caminho.

Uma das coisas que mais me agrada nesta obra é a sagacidade que a Drica Bitarello demonstrou ao criar uma mocinha extremamente forte, destemida, uma guerreira hábil como poucas, mas, ainda assim, cheia de características tipicamente atribuídas ao gênero feminino, como a sensibilidade e a grande capacidade de amar. A cada dia que passa, isso é mais raro. Boa parte dos autores, na tentativa de desmitificar a imagem de “sexo frágil”, esvazia suas personagens de delicadeza e outros atributos inerentes a nós, mulheres. Por mais que me agrade ler algo que faz estereótipos caírem por terra, e que eu saiba que somos muito diferentes entre nós, acredito ser desnecessário (atenção às aspas) “masculinizar” as mocinhas. Elas podem ser geniosas, autossuficientes (neste caso, devem), boca sujas, entre outros adjetivos, e, apesar disso, dotadas de sensibilidade, ou delicadeza, ou intuição, enfim, de uma combinação que destoe de “bela, recatada e do lar”, sem ser exatamente um (mais uma vez, atenção às aspas) “homem de saias”. Radegund é o exemplo perfeito, e neste livro, toda a miríade de características que a tornam tão densa, complexa e absolutamente incrível é explorada à exaustão, tornando a personagem ainda mais apaixonante.

Em “Fogo Vermelho”, Mark também encontrará o amor, resta saber se ele agarrará a chance de ser feliz, ou se permitirá que o passado interfira e o separe da mulher que toca seu coração quando surgir uma pista da identidade do homem que abandonou sua mãe grávida ao fugir de Jerusalém. Aqui também teremos a participação de Ragnar, que, já adianto, causará grandes confusões; mas como não se alegrar em vê-lo, não é mesmo? Eu amei matar a saudade do grandão!

Este livro é fantástico, com uma ambientação maravilhosa, personagens ricos e extremamente cativantes, recheado de mistérios instigantes, reviravoltas chocantes e cenas emocionantes, e a mesma escrita deliciosa que me conquistou em “Reino dos Céus”. Todavia, novamente a autora escorregou num aspecto, que foi tornar Luc ciumento demais. E embora, como já deixei claro no parágrafo anterior, eu admire muito personagens multifacetadas, não gosto quando um par romântico enfraquece a mocinha; e isso infelizmente acontece aqui, numa cena que foi terrível de ler e, novamente, me fez retirar uma estrela na avaliação.

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PS: se quiser conferir as resenhas dos demais volumes da série, clique aqui.

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10 comentários sobre “Resenha: Fogo Vermelho (Saga Radegund #2), Drica Bitarello

  1. Mais uma vez, gratidão pela leitura e resenha!

    Quantos às cenas (que vc já me contou quais eram tambem no outro livro) e aos ciúmes de Luc: isso se deve ao fato de eu não gostar de personagens perfeitos. Eu os deixo o mais humanos possível, como nós somos. Então eles erram mesmo, pisam feio na bola e tem traços desagradáveis na personalidade. Sei que é um risco e que muit@s leitor@s estranham e até se chocam, mas prefiro ser fiel a esse princípio. E, em se tratando de romance histórico, me aproximar o mais possível do pensamento da época.

    😘😘😘

    Curtido por 1 pessoa

    1. Oiiiiiii, Drica ❤
      Não precisa agradecer, é um prazer falar destes livros maravilhosos. Amei todos, você sabe ❤
      E eu entendo, você sabe criar os personagens bem humanos; e eu admiro isso. E amo muito o Luc, o Mark e o Ragnar, só não curti mesmo aquelas três cenas específicas, achei que exageraram. No entanto, continuo encantada com a série e já quero os próximos.
      Beijos 😘😘😘

      Curtido por 1 pessoa

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