Continuando a sequência de leitura do “Projeto Os Bridgertons”, idealizado pela Paola do ig @SonhandoHistorias, que formou um grupo de leitura coletiva visando ler um livro da série a cada mês, em junho foi a vez de “O Visconde que me Amava”, e hoje vim trazer a minha opinião sobre ele. Se quiserem conferir as resenhas dos demais livros desta família maravilhosa (ou relacionados a ela), cliquem aqui.

Sinopse:
A temporada de bailes e festas de 1814 acaba de começar em Londres. Como de costume, as mães ambiciosas já estão ávidas por encontrar um marido adequado para suas filhas. Ao que tudo indica, o solteiro mais cobiçado do ano será Anthony Bridgerton, um visconde charmoso, elegante e muito rico que, contrariando as probabilidades, resolve dar um basta na rotina de libertino e arranjar uma noiva.
Logo ele decide que Edwina Sheffield, a debutante mais linda da estação, é a candidata ideal. Mas, para levá-la ao altar, primeiro terá que convencer Kate, a irmã mais velha da jovem, de que merece se casar com ela.
Não será uma tarefa fácil, porque Kate não acredita que ex-libertinos possam se transformar em bons maridos e não deixará Edwina cair nas garras dele.
Enquanto faz de tudo para afastá-lo da irmã, Kate descobre que o visconde devasso é também um homem honesto e gentil. Ao mesmo tempo, Anthony começa a sonhar com ela, apesar de achá-la a criatura mais intrometida e irritante que já pisou nos salões de Londres. Aos poucos, os dois percebem que essa centelha de desejo pode ser mais do que uma simples atração.
Considerada a Jane Austen contemporânea, Julia Quinn mantém, neste segundo livro da série “Os Bridgertons“, o senso de humor e a capacidade de despertar emoções que lhe permitem construir personagens carismáticos e histórias inesquecíveis.
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Avaliação: 🌟🌟🌟🌟
Em “O Visconde que me Amava”, conhecemos melhor o passado dos Bridgertons e testemunhamos aquele que, provavelmente, é o evento mais triste pelo qual já passaram: a morte de seu patriarca aos 38 anos de idade. Esta idade é importante porque, por algum motivo, Anthony internalizou a ideia de que morrerá antes do pai. Prestes a completar 30 anos, então, acredita que chegou a hora de aposentar a vida libertina e se casar, garantindo assim a continuidade da família antes que seja tarde demais. Para isso, precisa de uma noiva adequada, mas incapaz de lhe despertar sentimentos, afinal não quer fazê-la sofrer da mesma forma que a mãe sofreu quando ficou viúva. Ao fazer uma “pesquisa” no mercado matrimonial, acaba escolhendo Edwina Sheffield, a mais bela debutante da estação, como futura esposa. O único porém é que, para casar-se com ela, precisa antes convencer a irmã de que será um bom marido. Tarefa nada fácil, diga-se de passagem, já que sua fama de libertino é notória em toda a Inglaterra.
Kate Sheffield vem de uma família com uma vida financeira confortável, mas passa longe de ser abastada ou ter um dote vultoso o suficiente para atrair os melhores partidos da sociedade. Além disso, tem uma aparência bastante comum, ainda que agradável. Por este motivo, todas as expectativas de encontrar um marido residem em Edwina, a beldade da família, de modo que a demonstração de interesse de Anthony, um homem riquíssimo e, mais do que isso, visconde, deveria ser muito bem-vinda. No entanto, não é o que acontece, pois, acima da questão financeira, o que Kate mais deseja é que a irmã se case com alguém que vá nutrir um afeto genuíno por ela e que leve os votos de fidelidade a sério, coisa que ela duvida que um libertino seja capaz de fazer. Forma-se um impasse então, porque nenhum dos dois está disposto a desistir do que quer: Kate, em afastar o indesejável pretendente da irmã; e Anthony, em convertê-la em sua esposa de uma vez por todas.
Todavia, por trás de toda a implicância, existe uma atração irresistível, e, com o tempo, eles acabam percebendo que o outro não é tão ruim quanto parece. Além de charmoso, Anthony revela-se um homem honrado e que, desde cedo, tornou-se responsável pelo bem-estar da mãe e dos irmãos, tarefa na qual empenha-se ao máximo para obter êxito. E Kate compartilha de sua devoção à família, razão pela qual é tão cuidadosa na hora de ajudar a irmã a escolher um marido. Ela perdeu a mãe muito cedo, mas o pai não demorou a se casar novamente, e a madrasta, Mary, sempre a amou e cuidou dela como se fosse sua própria filha, por isso Kate sempre teve um referencial de amor e de como uma boa relação deve ser.
Eu gostei muito de como o envolvimento deles foi construído. Por mais que o desejo tenha sido instantâneo, foram o tempo e a convivência que fizeram com que se apaixonassem. E foi fantástico acompanhar o amadurecimento desta relação. De deliciosas trocas de farpas ao despertar de um sentimento intenso e arrebatador que nenhum dos dois imaginava ser capaz de sentir por alguém tão exasperante.
Julia Quinn mais uma vez acerta na fórmula ao nos trazer uma romance que, embora leve e divertido, carrega alguma dose de drama, o que torna a narrativa mais densa e, na minha opinião, extremamente mais interessante. A certeza da morte que Anthony possui rende diversas cenas engraçadas (especialmente uma envolvendo certa abelha), mas, da mesma maneira, traz seriedade à trama quando necessário. Além disso, ele não é o único com questões pendentes. Kate também tem seus traumas e precisa lidar com eles em algum momento da história, e estes provocam uma identificação dela com o visconde que seria impossível se não tivessem isso em comum. É sempre agradável ver personagens que, embora incríveis, também têm seus defeitos, suas fraquezas, aquilo que os torna humanos e faz com que possamos nos identificar com eles.
Só que nem tudo é perfeito. Mais ou menos na metade do livro, rola uma cena que fez Anthony cair bastante no meu conceito. Não costumo dar spoiler nas minhas resenhas, mas posso dizer que ele é um verdadeiro canalha com Kate, o que me fez odiá-lo durante algum tempo. Ele acaba se redimindo, mas ainda assim isso é suficiente para me fazer tirar uma das estrelas na avaliação.
E além do romance em si, é sempre delicioso ver um pouco mais da família Bridgerton. As cenas em que aparecem todos juntos com certeza estão entre as minhas favoritas, especialmente a que ocorre a partida de um jogo chamado Pall Mall. Quem leu sabe que é absolutamente maravilhosa, eu gargalhei enquanto lia. A única coisa que eu senti falta foi de ver o lado casamenteiro de Violet, que tanto me divertiu no livro anterior, em ação. Torço muito para que ele esteja de volta a toda força em “Um Perfeito Cavalheiro”.
Enfim, eu adorei “O Visconde que me Amava”. Particularmente, me envolveu bem mais do que “O Duque e Eu”, que eu já tinha amado. Julia Quinn conquistou uma leitora fiel, que com certeza não vai perder a chance de ler nenhum de seus livros.
5 comentários sobre “Resenha: O Visconde que me Amava (Os Bridgertons #2), Julia Quinn”