
Sinopse:
Depois de forjar o próprio casamento para conseguir se livrar dos fantasmas do passado, Ann Granville Anson se vê perdida e precisa duelar com todas as suas fraquezas para recomeçar sua vida. Ainda que não se sinta preparada, a filha bastarda da mulher mais cruel do Reino Unido precisa juntar forças para consertar os erros do passado de sua família.
Mas Ann não contava com a presença de Marcos, um escravo liberto, que chegou trazendo um sopro de esperança.
Marcos e Ann descobrem que certos sentimentos são incontroláveis, mas a vontade de ficar juntos pode não ser suficiente para os exigentes padrões da sociedade inglesa.
O último livro da série “Damas Perfeitas” retrata amores improváveis e proibidos, mas, acima de tudo, revela ao leitor o mistério escondido por trás das histórias publicadas anteriormente.
Avaliação: 🌟🌟🌟🌟
“A Bastarda” é o desfecho da intrigante e deliciosa saga de mulheres incríveis, diferentes entre si, mas cada uma dotada de peculiaridades que a tornam marcante, iniciada em “A Marquesa”; e traz todas as respostas – minto, as respostas que a autora achou pertinente entregar – para as lacunas abertas em nossa cabeça nos livros anteriores. E para falar corretamente sobre ele, preciso dissecar em partes minhas impressões ao fim de toda a obra.
Falando isoladamente sobre a história de “A Bastarda”, conseguimos perceber que todo o sofrimento provocado por anos e anos presa a uma cama deixou marcas em Ann, traumas e uma mágoa imensa que precisa ser superada, seja por meio da justiça, da vingança ou do perdão. Aqui vemos que ela não tinha quaisquer perspectivas quanto ao que fazer da sua vida após desmascarar os responsáveis, não apenas pelas suas dores, mas pelas de todos aqueles que lhe são caros. No entanto, isso começa a mudar ao conhecer Marcos, um escravo liberto que se converteu no irmão adotivo de Izadora e num dos homens mais ricos e, portanto, mais poderosos do Reino Unido. Inclusive, aqui vale um adendo sobre a relevância deste romance em termos de representatividade nos romances de época.
É muito difícil conseguir trazer personagens que fogem ao padrão branco e hétero-normativo numa era extremamente conservadora e preconceituosa como a vitoriana sem tirar um pouco os pés do chão. No entanto, a Nahra Mestre conseguiu fazer isso com maestria. Quem já leu qualquer um dos livros desta série, sabe o quanto ela se empenhou na pesquisa para torná-la histórica e culturalmente consistente. Trazer um protagonista negro não-escravizado (durante os acontecimentos do livro em si, quero dizer), não-pobre e não à margem da sociedade foi maravilhoso. Eu amei demais ver como o racismo foi abordado na história e, de certa forma, usado como uma das métricas para separar os personagens bons dos ruins. Se “A Bastarda” tivesse sido o primeiro livro, talvez o mistério quanto à identidade do vilão não tivesse passado dele. Preciso confessar também, que achei deliciosa a sensação de ver racista sentindo toda aquela repulsa mas tendo que engolir o Marcos assim mesmo. E não vou dar spoiler, mas a representatividade aqui não se restringe à presença do protagonista.
Agora, voltando pra trama do livro, Ann aos poucos vai se encantando por Marcos e descobrindo possibilidades que não tinha cogitado antes. Ele está aqui para fazê-la se descobrir como a mulher desejável que desconhecia ser. Contudo, a função de Ann não se restringe à de simples par romântico. Em analogia à capa, posso dizer que ela é a chave para a resolução de todos os mistérios guardados até aqui, mistérios que se iniciaram muito antes de A Marquesa ter seu início e que precisavam ter um ponto final.
Mais segredos de família vêm à tona e, se alguém me perguntar o que eu mais gosto nesta série, vou dizer que é isso. Se nos romances de Agatha Christie juntamos pistas para encontrar um assassino, aqui o fazemos para encaixar cada personagem nesta árvore genealógica complexa. Haja criatividade pra tanta sujeira embaixo do tapete.
Em “A Bastarda”, também sentimos a onipresença de Lady Izabel e percebemos o quanto a mulher era incrível. Nada do que acontece seria possível sem ela. Se temos o nosso grande, poderoso e super inteligente vilão, ela é sua contraparte perfeita em termos de genialidade. A arapuca que o prende é armada de tal forma que, quando menos percebe, ele está preso nela, sem qualquer chance de fuga. E aqui reside minha única reclamação em relação ao livro: a reação do nosso antagonista quando, em expressão popular, a casa dele cai, foi um pouco patética para mim. Esperava muito mais deste nosso Mindinho (quem leu “As Crônicas de Gelo e Fogo” ou assistiu Game of Thrones vai entender a referência), todavia seu fim foi tão inglório, merecido e, definitivamente, delicioso de acompanhar quanto o do personagem da série de televisão. E o mais importante, a trajetória até aquele ponto foi construída com a maestria que, na minha opinião, faltou a David Benioff e D. B. Weiss, satisfazendo a quem a lê.
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PS: se quiser saber minha opinião sobre os demais livros desta série, clique aqui.
6 comentários sobre “Resenha: A Bastarda (Damas Perfeitas #5), Nahra Mestre”