Resenha: O Duque e Eu (Os Bridgertons #1), Julia Quinn

Sinopse:

Simon Basset, o irresistível duque de Hastings, acaba de retornar a Londres depois de seis anos viajando pelo mundo. Rico, bonito e solteiro, ele é um prato cheio para as mães da alta sociedade, que só pensam em arrumar um bom partido para suas filhas.

Simon, porém, tem o firme propósito de nunca se casar. Assim, para se livrar das garras dessas mulheres, precisa de um plano infalível.

É quando entra em cena Daphne Bridgerton, a irmã mais nova de seu melhor amigo. Apesar de espirituosa e dona de uma personalidade marcante, todos os homens que se interessam por ela são velhos demais, pouco inteligentes ou destituídos de qualquer tipo de charme. E os que têm potencial para ser bons maridos só a veem como uma boa amiga.

A ideia de Simon é fingir que a corteja. Dessa forma, de uma tacada só, ele conseguirá afastar as jovens obcecadas por um marido e atrairá vários pretendentes para Daphne. Afinal, se um duque está interessado nela, a jovem deve ter mais atrativos do que aparenta.

Mas, à medida que a farsa dos dois se desenrola, o sorriso malicioso e os olhos cheios de desejo de Simon tornam cada vez mais difícil para Daphne lembrar que tudo não passa de fingimento. Agora ela precisa fazer o impossível para não se apaixonar por esse conquistador inveterado que tem aversão a tudo o que ela mais quer na vida.

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Avaliação: 🌟🌟🌟🌟

Finalmente me juntei ao enorme grupo de leitores de romances de época apaixonados por Julia Quinn. A mulher é maravilhosa, sou obrigada a admitir. Foi impossível não me render à escrita deliciosa e aos personagens incríveis que ela criou. E, em “O Duque e Eu”, fui apresentada à família que protagoniza a mais famosa de suas séries. Quem nos introduz a eles é Lady Whistledown, a autora anônima de uma coluna de fofocas que faz sucesso entre a aristocracia e cujas manchetes abrem cada capítulo do livro, à exceção do prólogo. Assim eles são apresentados pela primeira vez:

“Os Bridgertons são, de longe, a família mais fértil da alta sociedade. Essa qualidade da viscondessa e do falecido visconde é admirável, embora se possa dizer que suas escolhas de nomes para os filhos sejam bastante infelizes. Anthony, Benedict, Colin, Daphne, Eloise, Francesca, Gregory e Hyacinth. É claro que a organização é sempre algo benéfico, mas seria de esperar que pais inteligentes fossem capazes de manter os filhos na linha sem precisar escolher seus nomes em ordem alfabética.

Além disso, a visão da viscondessa e de todos os seus oito filhos num único ambiente é o bastante para que se ache que está vendo dobrado, ou triplicado, ou pior. Esta autora nunca tinha presenciado um grupo de irmãos tão absurdamente parecidos. Embora a autora não tenha memorizado as cores de seus olhos, todos os oito têm estruturas ósseas semelhantes e os mesmos cabelos grossos e castanhos. É lamentável que a viscondessa, que está atrás de bons casamentos para a prole, não tenha tido filhos mais elegantes. Ainda assim, há vantagens numa família de aparência tão consistente: não há dúvida de que todos são legítimos”.

Como não amar cada um deles, a começar pela matriarca, Violet, e seus esforços hercúleos para casar cada um de seus rebentos? Só os mais novos escapam, por ora, da pressão que ela exerce para que encontrem sua alma gêmea. Eu ri horrores dos artifícios que ela usa para ajudá-los a encontrar um par e, é claro, das reações da prole às suas maquinações. Quase consigo sentir pena dos coitados, quase… Ainda assim, Violet Bridgerton passa longe de ser uma megera como certas mães que vemos em livros do mesmo gênero por aí. Dá para perceber que ela transborda de amor pelos filhos, sendo igualmente retribuída por cada um deles. É uma família muito unida e que, embora não livre de divergências, o sentimento que os liga é mais forte e, sempre que um precisar, o outro estará lá para acolhê-lo. Acho que este é o ingrediente primordial que faz com que nos apeguemos tão fortemente aos personagens.

“O Duque e Eu” é protagonizado por Daphne, a quarta filha de Violet, que está em sua segunda temporada e ainda não encontrou marido, o que já é suficiente para deixar a viscondessa exasperada. Daphne até tem seus pretendentes, mas nenhum suficientemente adequado ou capaz de despertar-lhe a mínima afeição. Ela se acha normal demais, como bem diz um dos homens que julgara poder ser um marido aceitável, não o tipo de beldade capaz de inspirar os poetas. Todos gostam dela, mas estão mais interessados em sua amizade do que em fazer-lhe a corte. Daphne não sabe o que fazer para mudar isso, mas a solução dos seus problemas se apresenta numa proposta feita por Simon Basset, duque de Hastings e melhor amigo de Anthony, o Bridgerton primogênito.

Simon foi o filho e herdeiro intensamente desejado pelo duque anterior, mas, embora inteligente, ele revelou possuir um problema que fez com que fosse rejeitado pelo pai: até os quatro anos foi incapaz de pronunciar uma única palavra. Com obstinação e o apoio imprescindível de sua ama, porém, conseguiu mudar este quadro, ainda assim, não foi o suficiente para conquistar a aprovação do duque. Foi quando ele decidiu que, se não era capaz de ser o que seu progenitor desejava, tornar-se-ia exatamente o oposto. Entretanto, não foi bem sucedido nisso. Ao ir para a escola e, posteriormente, à universidade, mostrou um talento especial com os números e desenvoltura suficiente para que sua dificuldade de fala passasse despercebida aos demais, o que acabou despertando o orgulho do duque. A esta altura, sem desejar qualquer aproximação, Simon “fugiu” do país e foi viajar pelo mundo, retornando apenas para assumir o título após a morte do pai. A rejeição sofrida na infância o marcou fortemente e é bastante explorada ao longo do livro, sendo responsável pelo principal conflito da história.

Simon e Daphne se conhecem de forma bastante inusitada, quando ele pensa em socorrer a dama das atenções de um pretendente inconveniente. No entanto, ela acaba se revelando bastante capaz de cuidar de si mesma, afastando o pobre coitado com nada menos do que um soco bem dado. Simon precisa então ajudá-la a resolver o que fazer com o nobre desfalecido. A partir daí, os dois acabam engatando uma bela e sincera amizade, ainda que permeada de desejo oriundo de ambas as partes. Com Daphne, Simon consegue conversar normalmente, sem qualquer esforço, os assuntos fluem com uma naturalidade que ele nunca experimentou com ninguém, exceto, talvez, pelo melhor amigo. Em meio a isso, o duque acaba tendo uma ideia que beneficiaria os dois: ele se mostraria publicamente interessado na jovem, o que faria com que mais cavalheiros olhassem para ela com outros olhos e, em contrapartida, isso afastaria as matronas casamenteiras do seu pé. Contudo, o convívio acaba aumentando a atração que eles sentem um pelo outro e despertando uma forte e ardente paixão.

“O Duque e Eu” possui uma história extremamente leve, fluida, impossível de largar antes do fim. Julia Quinn não retrata a época com a mesma fidelidade de autoras como Mary Balogh, mas é boa o suficiente para ser convincente e nos fazer imergir na era regencial. Como eu já tinha mencionado, seus personagens são cativantes e nos conquistam rapidamente, fazendo com que torçamos por eles. Achei a trama bem amarradinha, sem grandes pontas soltas, exceto talvez por certas cartas que são mencionadas e teria sido legal que tivessem sido lidas pelo duque, mas isso é de menos. A única coisa que realmente me incomodou foi uma cena problemática mais ou menos no meio do livro, em que a Daphne tenta engravidar. Quem leu, vai saber de cara qual é. Eu fiquei dividida entre ser ou não um abuso, porque ela se aproveitou do Simon bêbado e adormecido, mas ele acordou no meio e se mostrou bem disposto, no entanto, quando tentou sair, ela o prendeu de certa forma para conseguir o que queria. Não sei, se fosse uma mulher, provavelmente a dúvida nem existiria, o que é um pouco ruim, porque sabemos que abuso pode vir de qualquer gênero. Fica o questionamento a cada leitor.

Se quiserem conferir as resenhas dos demais livros desta família maravilhosa (ou relacionados a ela), cliquem aqui.

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6 comentários sobre “Resenha: O Duque e Eu (Os Bridgertons #1), Julia Quinn

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