Resenha: Fogo e Sangue – Vol. 1 (As Crônicas de Gelo e Fogo – Extra), George R. R. Martin

Sinopse:

Séculos antes dos eventos de “A Guerra dos Tronos”, a Casa Targaryen – única família de senhores dos dragões a sobreviver à Destruição de Valíria – tomou residência em Pedra do Dragão. A história de “Fogo e Sangue” começa com o lendário Aegon, o Conquistador, criador do Trono de Ferro, e segue narrando as gerações de Targaryen que lutaram para manter o assento, até a guerra civil que quase destruiu sua dinastia.

O que realmente aconteceu durante a Dança dos Dragões? Por que era tão perigoso visitar Valíria depois da Destruição? Quais foram os piores crimes de Maegor, o Cruel? Essas são algumas das questões respondidas neste livro essencial, relatadas por um sábio meistre da Cidadela.

Ricamente ilustrado com mais de oitenta imagens assinadas pelo artista Doug Wheatley, “Fogo e Sangue” dará aos leitores uma nova e completa visão da fascinante história de Westeros – um livro imperdível para os fãs do autor.


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Avaliação: ⭐⭐⭐⭐⭐

“Fogo e Sangue” é um livro que faz parte do universo de “As Crônicas de Gelo e Fogo”, mas é escrito de forma bem diferente daqueles que integram a série principal. Quem está familiarizado com Tolkien, ele pode ser comparado ao seu “Silmarillion”, ainda que num escopo bem menor, focado numa parte específica da história, e não contando ela toda (tem um post no blog falando tudo sobre “O Senhor dos Anéis” e os demais livros que se passam na Terra-Média, cliquem aqui caso tenham interesse em lê-lo). Por este motivo, não acho que seja para todo mundo, só para aqueles que têm interesse em se aprofundar no universo que George R. R. Martin criou para situar os acontecimentos de “A Guerra dos Tronos” e dos livros que o sucedem (uma parte bem pequena da história, a propósito, assim como “O Hobbit” e “A Trilogia do Anel”). Eu me enquadro nesse grupo específico de fãs que nunca se cansa de saber mais e mais sobre Westeros, Essos e além. É um universo tão rico geograficamente, culturalmente, mitologicamente, historicamente falando que, por mais que titio Martin escreva, sempre haverá muito a aprender e nunca será demais. Mas enfim, vamos voltar a “Fogo e Sangue” especificamente, se quiser saber minha opinião a respeito do universo como um todo, eu já falei sobre isso aqui.

“Fogo e Sangue” nos conta a história da dinastia Targaryen desde que Aegon I decidiu conquistar Westeros e transformar os Sete Reinos em um só, e é feito como se tivesse sido escrito por um meistre e fizesse parte do universo mesmo, podendo ser encontrado em qualquer biblioteca do Mundo Conhecido (meio como a J. K. Rowling fez com os três livros que integram a “Biblioteca de Hogwarts”: “Os Contos de Beedle, o Bardo”, “Animais Fantásticos e Onde Habitam” e “Quadribol Através dos Séculos”). Tem a previsão de ser concluído em dois volumes, e nesse primeiro podemos acompanhar desde a conquista até o final da regência de Aegon III, passando por episódios interessantíssimos, como o longo reinado de Jaehaerys, o Conciliador e sua esposa Alysanne (os melhores reis que Westeros já teve e a minha parte favorita do livro, inclusive. Até aceitaria um spin-off de Game of Thrones retratando este período #nãocustasonhar) e a Dança dos Dragões, que fascina uma legião de fãs.  Não são informações totalmente inéditas, já que muito do que é mostrado ali já foi falado em “O Mundo de Gelo e Fogo” (resenha aqui), mas tem um nível de detalhamento e aprofundamento bem maior. Sem contar que as ilustrações são lindas, mesmo que em preto e branco.

Embora seja um livro histórico, “Fogo e Sangue” não é pesado de ler (como “O Silmarillion”, por exemplo, que, ao menos para mim, é beeeeem cansativo, embora isso não mude o fato de que é maravilhoso, necessário e, sem dúvida, a melhor obra de Tolkien). A escrita de George R. R. Martin é leve e bastante fluída, na minha opinião. Eu devorei o livro e, em nenhum momento, senti aquela sensação de saco cheio. Consegui até rir em algumas partes, como nas de A Dança dos Dragões que são contadas sob o ponto de vista de Cogumelo, o anão que foi bobo da corte naquele período. Foi uma parte muito tensa, mas a forma escrachada com que ele descreve os acontecimentos (e os que inventa e aumenta, na cara dura) aliviam bastante o peso da narrativa. Inclusive, tem algumas vezes em que acredito mais nele do que nos “historiadores” sérios.

Aqui temos também a oportunidade de conhecer melhor personagens incríveis e acompanhar em primeira mão (terceira, na verdade, mas ignorem) episódios que são mencionados muito por cima em “O Mundo de Gelo e Fogo” ou em histórias contadas isoladamente em “As Crônicas de Gelo e Fogo”. A rainha Alysanne, por exemplo, se tornou a minha personagem favorita de todo o universo criado pelo titio Martin. É uma mulher inteligente, obstinada, forte e muito empoderada, mostrando que, sim, nosso serial killer literário favorito está comprometido em representar bem as mulheres em sua obra e dar relevância a elas, mesmo retratando um mundo incrivelmente machista (não estou dizendo que ele não escorregue aqui e ali, mas ainda acho que ele acerta mais do que erra nesse quesito, temos diversos exemplos de personagens femininas maravilhosas e que representam todos – ou, ao menos, uma enorme gama – de tipos de mulher).

Eu vi muitas críticas negativas sobre “Fogo e Sangue”, mas acho que a maior parte delas vêm de pessoas que não entenderam sua proposta ou simplesmente acham que George R. R. Martin deveria focar apenas em terminar os livros da série principal (não que eu não entenda a ansiedade, já que sou uma das que mais querem ver essa obra acabada, mas acho que não adianta pressionar o autor, ele tem um ritmo de escrita diferente e acredito que, de outra forma, essa série não seria tão incrível quanto é), e discordo delas. Claro que ninguém é obrigado a achar esse o melhor livro de todos os tempos ou, sequer, é obrigado a gostar, mas acredito que ele deve ser julgado pelo que é, não pelo que as pessoas gostariam que ele fosse; e isso infelizmente é o que mais vejo acontecendo. Quem decidir ler “Fogo e Sangue”, não deve esperar uma história escrita em tempo real, cheia de diálogos (embora eles existam e sejam incríveis) e narrando em detalhes os pensamentos dos personagens ou, com certeza, vai se decepcionar. Leia apenas se estiver interessado em conhecer melhor a história dos Targaryens, mais ou menos como se estivesse acompanhando uma biografia escrita em terceira pessoa. Acho que vale super a pena, eu amei demais e estou louca pelo segundo volume.

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